MINHA INFANCIA
MINHA INFANCIA
*Gilda Pinheiro de Campos*
Ah, meu Deus....
Fecho os olhos e as lembranças afloram...
Minha infancia o melhor foi enquanto papai vivia...
Sua presença e seu carinho sem que eu soubesse,
eram o meu combustível...
Me sentia tão feliz...
A primeira (e única) bicicleta....
depois comprei uma quando já adulta e casada...
Os natais e as cartinhas para papai noel
que ele respondia com sua letra linda...
As matines de domingo, sempre desenhos de Disney,
o último foi Bambi e como chorei quando
ele ficou só na floresta...
Mal sabia eu, que assim ficaria também...
Os lanches na leiteria...
De repente sua morte súbita...
O coração falhou em plena cinelandia,
em frente ao cinema Odeon...
A política, o partido que ele ajudou a fundar,
afundaram meu amado pai...
Seu enterro que mobilizou quase toda polícia civil,
ele era escrivão de polícia e jornalista,
querido e respeitado...
Eu ali assustada...
A ficha custou a cair, a morte me era desconhecida,
e vê-lo deitado naquele caixão com seu terno cinzento,
camisa branca e gravata vermelha estampada, como
se fosse de repente levantar e sair para algum evento,
nunca me sairam da memória...
Seu rosto lindo e sereno, parecia adormecido...
Quando tudo terminou e voltei para casa,
outro mundo, outra vida me aguardavam...
Ali acabava minha infancia...