Outro tempo

Dorme, no fundo da velha gaveta,

um poema esquecido.

Fora escrito em um outro tempo,

quando eu ainda te amava.

Eram sobras de sentimentos,

rascunhos de dores, partidas.

Não sei precisar a data,

mas recordo a emoção que

ainda sangra, com tintas fortes,

rubras, o meu peito.

Talvez tenha sido escrito

no tempo em que a

adolescência desabrochava – flor

insana e delicada – ,

época em que

tudo parecia ser intenso demais,

dramático demais,

exagerado demais, como aqueles

versos do Cazuza.

Penso também que poderia

ter sido no tempo da

maturidade, quando

O amor já não é tão urgente e

as palavras caem com mais

suavidade no papel.

Ah! O tempo e suas teias...

As armadilhas do cotidiano,

o sabor agridoce das lágrimas que

continuam, ainda, a cair.

Mas o poema é de amor.

E amor é atemporal.

O poema esquecido, surge agora

diante de meus olhos

e longe do teu coração.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 17/02/2012
Código do texto: T3503953
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