INGRES 



Desata-me
 
Por que como menestrel roubaste meu coração,
Se depois de vê-lo perdido de amores por ti deixaste-o?
Para que entoaste teus cantos para minha alma gentil,
Se depois, ao ver-me bailando, foste embora de mim?
Por que te tornaste o sol de cada um dos meus dias,
E resolveste esconder-te entre nuvens plúmbeas?
Para que te fizeste lua para iluminar minhas noites insones,
Tornando-te desde então minguante por todas as minhas fases?
Acaso não havia outro coração que pudesses sequestrar,
Tão repleto de melodias e rimas em que te derramas?
Por que entre tantas, pousaste teu olhar sobre mim ao acaso,
E capturaste não só meu coração, mas também a minha alma?
Acaso sabes o que é a agonia de viver sem a própria companhia,
Esperando resgatar-me muito aquém do teu querer devolver-me?
Agiste tal qual um louco e me contaminaste com tuas insanidades.
Louco foste ao inocular-me amores e por eles condenar-me a desejos,
Ao condicionar-me à espera ainda mais vã que tua escolha infiel.

Eis-me aguardando que tuas andanças cheguem e me libertem de ti,
Devolvendo-me a alma e o coração atados aos teus passos.
Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 23/02/2012
Reeditado em 24/02/2012
Código do texto: T3515740
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