Flores de março

A primavera dormira na rede do tempo,

Claro que sepultada com lágrimas!

Deus insatisfeito repensou o evento,

Renovou bico , garras, e penas da águia...

Olhar esmeralda transportou a faísca,

Que faz arder o estopim da esperança

O fado atrevido contra a lógica arrisca,

Sonhos, planos ditosos entram na dança...

Que fácil limpar o átrio de alma lavada!

Simples decidir quando tudo conspira;

O longo estio, apenas uma página virada,

Que até fica engraçada depois que vira...

Há uma flor a regar, tenho água bastante,

Num jardim exclusivo que eu só aprecio;

A sede de todo Saara, saciada num instante,

Revigorada vida, que estava por um fio...

O poeta sobrevive até mesmo sem musa,

Amado, então, é manancial que transborda;

eleva seu barco sem carecer de eclusa,

Se a fortuna desperta, um novo titã acorda.