[Sou tentado pela cor das cerejas]
Apresentando O Transversal
“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”
La Folie dos irmãos Marx...
Sou tentado pela cor das cerejas como se de tentação eu escrevesse,
mas da cor cai-me a imaginação
direita ao mar, ou o inverso,
[que me importa?],
como se a seda vermelha, por vezes mais escura,
deslizasse pelo teu corpo, e eu,
me completasse no teu peito, no teu ventre.
Desventro-me assim sem dor nos luares finais de março.
E tudo recomeça mais uma vez,
como se as marés ignorassem o homem do leme,
o desconhecessem, o tratassem como
intruso,
e repito-me que sou tentado pela cor das cereja,
porque o sabor não destingue as cores,
porque poucas são as árvores de todas as cores no além do mar onde existe um arco-iris sem inicio que se afunda algures,
sempre longe de mim.
Que alguns desses deuses me recolham enquanto me afundo por perto,
colhendo a cor das cerejas,
que plantei,
no dorso das baleias em migração.
[Migram-me o silêncio, a tentação em colocar [sempre...] a minha cabeça no teu peito].
Emigra-se o medo, assim seja.