::: SONHOS :::

Na margem das canções desconhecidas

O meu amor ali reside, numa espera profunda,

Com o verso no limbo e a fé do ateu.

Minha lágrima sucumbente escorre peito adentro

Não há fábula ou prosopopeia que dê vida a tanto...

Há tanto sentimento guardado há tanto tempo

No limbo de minhas aspirações

Que as palavras simples morreram sumariamente

No fel postergador das minhas angustias.

Sobre o veludo incontinente dos meus sonhos

Desenhei teu rosto no canto frenético de minha utopia.

Sobre o teu seio deitei meu rosto fadigado

E descansei a alma deveras enganada.

Na tua pele escrevi versos com lágrimas

E nos teus cabelos toquei canções magicas.

Ouvi no silêncio canções de loucura e vi na lua doce clareza.

Chama-me de criança insolente que ama sem juízo

A lenda das próprias convicções.

Rasga no meu peito essa fé subterfugiada pela angustia,

Rasga e me ensina... No clarão de vossos olhos a ousadia,

Que minha hígida face constipada se submete

À felicidade que teu rosto juvenil emana.

Vem que, no dócil verso, hei de te amar eternamente.

Meu olhar distante vê prédios e um céu cinza

Sob o prelúdio de uma noite solitária.

Não convenha que interpretes tais palavras insanas,

Pois que meu juízo já falecera quando deste comecei a tecer

Os termos que se encontravam enterrados dentro de mim.

Desenho no horizonte escuro desta noite alva,

(Além do antagonismo perplexo pelos paradoxos)

Teu rosto de cetim e chumbo e teu olhar de rubi e ouro.

Nas quimeras e nos demônios das minhas imaginações

Eu lutei noites afins pelo gole perpetrado de teu riso

E morri sobejado de paz nos teus braços.

Convém que não falemos de morte, mas da vida que te busco.

Rasgue da minha carcaça putrefata os vícios indolentes,

Dê-me no deserto árido da minha existência o orvalho dos teus lábios

Que me converterá no arquétipo da vida feliz.

Chama-me, noite funesta, de inocente,

Mas, mais vale minha esperança, talvez, um pouco imatura,

Em amar até que não caiba em mim minha própria existência,

Do que viver a latência mórbida da insensibilidade.

Vem canção prodigiosa de uma dose portentosa de loucura

Formar-se pelas lágrimas sucumbentes de quem sonha...

E assim, torno ao que me dê vida.

Tornar-me-ei aos teus olhos que reluz a canção que jazia

E que dão forma ao verso adormecido no limbo.

Bem como, dá ao ateu a fé que ignorara.

Veja que coloco no teu ser o encanto que é tamanho

Que os dogmas dançam no vento.

De fato que te espero sobre o campo verdejante das fábulas esquecidas

E te amarei com as minhas lágrimas e o meu riso.

Ensina-me, doce musa, a ser quem um dia eu fui...

Torna-me para ti um poeta...

Vem, amigo meu, ler esse brado... Esse grito, esse rugido.

Leia com zelo a aorta das minhas cavidades cardíacas

Onde minhas veias cavas impulsam versos e não sangue.

Onde eu choro sem lágrima e canto sem voz.

Autor: Ygor Pierry

SP 04/04/2012.

Ygor Pierry
Enviado por Ygor Pierry em 04/04/2012
Reeditado em 05/04/2012
Código do texto: T3594680
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