ELO LÍVIDO
Juliana Valis




Infinitas cartas de amor não seriam bastantes

Pra eu dizer o que sinto, ao pensar em você,

Escreveria nas nuvens meus versos gritantes 

E ainda, assim, não conseguiria mesmo dizer

O êxtase do insigne amor, maior dos diamantes,

Cor que a essência redime, sem saber o porquê,

Inefável dor sem crime, essa pérola lídima da paixão...




Infinitas cartas de amor não seriam suficientes

Pra expressar todo sentimento retido neste meu coração

Em meio aos vendavais dos delírios plangentes 

Transcendendo esta paz dos dias que vão




Meu amor, tenho só palavras de afeto

Além do concreto armado em cada estação

E nessas cidades tão sórdidas, sou pobre, sem teto,

Mendigando sombra e luz do inverno ao verão,

Procurando conter este coração inquieto

Que bate só por você, nas angústias que são

Átimos de uma tempestade  emocional, atroz,

Neste tempo vil, veloz, do sangue derramado em vão




Por tudo isso, amor, peço-lhe só perdão

E licença, apenas, pra adentrar-lhe a alma

Nestas cenas lídimas de maior paixão,

O amor é elo lívido que nos perfaz sem calma. 


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