[Ensina-me sobre os segredos do olhar de quem eu não esqueci]
Apresentando O Transversal
“La Folie, Lydia the Tattooed Lady, dos irmãos Marx,... das viagens, das estações do ano, das partidas e de alguns regressos...”
La Folie dos irmãos Marx...
Ensina-me e troca-me o olhar
enquanto tropeço,
afinal a terra parou,
o mar, destapa-se, esperguiça-se nesse algures,
esquece o horizonte
e fala-me dos silêncios,
dos silêncios.
E quantos mais mil anos de memórias terei de me relembrar para voltar nesse dia em preia-mar violenta?
Fala-me do amar, e navega-me até
onde a sede seca os cristais de sal
que o mar deixou esquecidos numa praia deserta,
navega-me até onde os pássaros
imitaram baleias nas migrações,
e voaram,
ou vogaram, tanto me faz.
Ensina-me e troca-me de novo o olhar,
mesmo que a terra se suspenda, se vire e revire,
ou adormeça,
que soprem ventos em remoinhos,
que se enfunem velas esburacadas,
enquanto empurro sem força algumas rochas que o mar esconde,
que me afundam,
que me obrigam a ficar,
que reste o branco das orquídeas que te ofereci um dia.
Ensina-me a regressar mesmo que a água encharque o barco,
e que as borboletas que morrem a voar
sejam enterrados no lado azul do céu.
Ensina-me a silenciar
todos os silêncios que me acordam todos os pesadelos.
Ensina-me sobre os segredos do olhar
de quem eu não esqueci.
Ensina-me.