em flor

[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]

...

I

não sei se calarei a minha voz ou o eco,

cego o ego

pergunto-me se.

Se me envolveste mesmo no sonho

de ontem,

se o respirar era o teu?

Das flores do azevinho que deixaste

esquecidas pelo inverno passado,

ressuscitaram,

enraizadas nos corais amarelos que plantei no soalho de madeira

onde adormeciamos pela aurora.

II

em flor

da flor branca da orquidea

que o vento transporta em pétala,

migram ao longe

rios até ao mar,

cansam-se as tágides do tufão

que as empurra

como barcos à deriva perto de bojadores sem farol.

Avisa-me quando a solidão chegar ao poema,

se a ode entretanto se afundar

liberta as borboletas azuis

que ficaram aprisionadas pelo mar,

e procura-me no areal que aquela noite

deixou a descoberto,

descobre-nos.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 18/04/2012
Código do texto: T3619600
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