em flor
[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]
...
I
não sei se calarei a minha voz ou o eco,
cego o ego
pergunto-me se.
Se me envolveste mesmo no sonho
de ontem,
se o respirar era o teu?
Das flores do azevinho que deixaste
esquecidas pelo inverno passado,
ressuscitaram,
enraizadas nos corais amarelos que plantei no soalho de madeira
onde adormeciamos pela aurora.
II
em flor
da flor branca da orquidea
que o vento transporta em pétala,
migram ao longe
rios até ao mar,
cansam-se as tágides do tufão
que as empurra
como barcos à deriva perto de bojadores sem farol.
Avisa-me quando a solidão chegar ao poema,
se a ode entretanto se afundar
liberta as borboletas azuis
que ficaram aprisionadas pelo mar,
e procura-me no areal que aquela noite
deixou a descoberto,
descobre-nos.