as velas

...

[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]

I

fala-me dos nenúfares que as núvens

cobrem,

nos barcos naufragados em terra onde nasceram flores silvestres,

das cores soltas pelo pôr-do-sol

que levantam alguns ventos sem direção,

escondem-se outros.

[Ou...],

nessas palavras em que o verso grita sem destino,

aurora seja,

ou...

qual a cor do amar[?]. Pinta-o numa parede em ruínas,

eu,

II

as velas

libertam-se dos mastros de carvalho, regressam com as migrações

das aves,

liberta-me de mim,

e envolve-me o olhar cansado, arrastado-o como num tango em circulos,

os passos tocam-se levemente,

apenas levemente.

Sabes, eu nunca esqueci

porque sonhava naquelas noites com o mar,

era-me maremoto sem as margens que oprimiam, delimitavam.

Liberta de mim o mar que ainda me restou.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 04/05/2012
Código do texto: T3649148
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