mar

...

[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]

I

vogam alguns pedaços de madeira

flutuam sem rumo,

nem areal à vista,

nem ilha no horizonte perdido.

Sol que queima a voz seca, gretam os lábios

gastos de tantas palavras sem verbo,

que no principio era-o, sim, fora-o,

e o passado assume-se, reassume-se outras vezes,

adiam-se alguns descansos,

esqueço-me de pensar nos ventos tão perto de mim,

rio-me, de um

II

mar que

recolheu todas as lágrimas, evaporou algumas

até paraísos distantes, muito distantes,

inexistentes como as preces,

para que serviram as lágrimas?

e mesmo de joelhos os homens perdoados dos nadas

[como se existissem]

ensurdecem o sonho que teima em fugir,

[não, não o deixo fugir hoje...]

ah...o sonho de uma noite que não tenha fim,

aquela onde fechei os olhos, sem temor,

e senti a pele, a tua pele na minha,

e navegaste-em sem portos, sem abrigos,

sem descansos, sem esquecimento, sem despedida,

sem tempo.

Procurarei por quem eu perdi,

essa voz silenciosa que me chama,

afinal, jamais me esqueci de te esquecer.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 08/05/2012
Código do texto: T3655944
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