de te esquecer
...
[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]
…
I
silenciou-se o silêncio que faltava,
e mesmo quando queria mar,
lembrava-se do mar chão em maio pleno de primavera,
e nem as andorinhas que circulavam em rasantes,
destapavam um sussurro, um bocejo que fosse.
Queria ir-se sem o corpo deixar,
se conseguisse seguiria pelas fases da lua
direito aos trópicos do zodiaco,
silenciou-se o silêncio,
silenciaram-se as ondulações que abraçaram o afogar do grito adormecido,
e nem o cantar das baleias naquele instante
aquecia o corpo perto da fogueira.
II
De te esquecer
pensei em tantos dias sem fim, fuga,
talvez eternizasse o silêncio, ou o destecesse
em pequenas missangas vermelhas pelos corais onde adormeciamos
nas noites, e exclamávamos daqueles fogos de artificio
que tudo iluminavam.
Cansa-me o respirar, e os sons que tatuam a minha boca,
fogem quando os ventos norte sopram,
quão distantes os ventos norte,
quão distante sou hoje dos ventos todos.