de te esquecer

...

[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]

I

silenciou-se o silêncio que faltava,

e mesmo quando queria mar,

lembrava-se do mar chão em maio pleno de primavera,

e nem as andorinhas que circulavam em rasantes,

destapavam um sussurro, um bocejo que fosse.

Queria ir-se sem o corpo deixar,

se conseguisse seguiria pelas fases da lua

direito aos trópicos do zodiaco,

silenciou-se o silêncio,

silenciaram-se as ondulações que abraçaram o afogar do grito adormecido,

e nem o cantar das baleias naquele instante

aquecia o corpo perto da fogueira.

II

De te esquecer

pensei em tantos dias sem fim, fuga,

talvez eternizasse o silêncio, ou o destecesse

em pequenas missangas vermelhas pelos corais onde adormeciamos

nas noites, e exclamávamos daqueles fogos de artificio

que tudo iluminavam.

Cansa-me o respirar, e os sons que tatuam a minha boca,

fogem quando os ventos norte sopram,

quão distantes os ventos norte,

quão distante sou hoje dos ventos todos.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 16/05/2012
Código do texto: T3670795
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