dos ventos

...

[do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]

I

e quando tudo terminar onde ficarão as palavras,

terminarão elas também?

Quero-me mar, querer-me-ei então som em silêncio,

aquele que range a alma,

aquele que sempre me suspendeu

no precipicio do promontório um dia,

ou noite, já não sei.

E quando isso acontecer, [que me interessa o quando],

nem saberei colocar a mão sobre as letras em forma de orquìdea,

ou aquelas outras em cor de cereja,

então,

querer-me-ei despido de mim, que a carapaça apodreça.

II

Dos ventos,

que seja,

querer-me-ei vento, não brisa, vento

forte,

furacão que limpe as lágrimas que ainda resistem,

e mesmo que o mar as tenha todas recolhido,

libertar-me-ei destas pedras angulares

que nada já sustêm, nem pó.

As crianças serão então livres, como o fui em tempos,

e regresso ao principio, ao ventre,

ao mar calmo,

serei então eu.

[Finalmente].

Nkisi
Enviado por Nkisi em 17/05/2012
Código do texto: T3672277
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