[Finalmente]
...
[do fim do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]
(que o vulcão irrompa rápido...)
…
I
que se terminem as saudades, os rios, e
que o mar seja chão de terra,
que o silêncio seja buraco negro no meio de nenhures
onde a luz é um fio de linho sem cor.
Renascam novamente as orquideas, os cravos vermelhos,
e que as pétalas sejam doces como o mel,
os pássaros que encontrem poisos nas árvores perfumadas em ilhas escondidas pelo poente do sol.
Que o circulo termine em fogo de artificio,
jamais num breve fogo-fátuo,
e,
se a terra parar por um instante que seja,
que os deuses a rodopiem como o pião das crianças.
…
II
[Finalmente]
descansam os ventos alisios no sopé de uma montanha que pariu
o rio em dor,
ininterruptos os ecos que se repetem, estranha
a noite que não termina, mas que terá um fim,
reina um luar enevoado, adormecem as flores nos vasos,
na terra,
talvez cantem algures algumas sereias desapaixonadamente,
e os olhares fixam outros olhares mais perto,
partirei, sim, partirei
com a primeira maré do amanhecer.
[Que seja finalmente, que seja, que se cumpra o ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti meu amor, jamais o saberei,que o vulcão irrompa, finalmente].