[Finalmente]

...

[do fim do ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti]

(que o vulcão irrompa rápido...)

I

que se terminem as saudades, os rios, e

que o mar seja chão de terra,

que o silêncio seja buraco negro no meio de nenhures

onde a luz é um fio de linho sem cor.

Renascam novamente as orquideas, os cravos vermelhos,

e que as pétalas sejam doces como o mel,

os pássaros que encontrem poisos nas árvores perfumadas em ilhas escondidas pelo poente do sol.

Que o circulo termine em fogo de artificio,

jamais num breve fogo-fátuo,

e,

se a terra parar por um instante que seja,

que os deuses a rodopiem como o pião das crianças.

II

[Finalmente]

descansam os ventos alisios no sopé de uma montanha que pariu

o rio em dor,

ininterruptos os ecos que se repetem, estranha

a noite que não termina, mas que terá um fim,

reina um luar enevoado, adormecem as flores nos vasos,

na terra,

talvez cantem algures algumas sereias desapaixonadamente,

e os olhares fixam outros olhares mais perto,

partirei, sim, partirei

com a primeira maré do amanhecer.

[Que seja finalmente, que seja, que se cumpra o ciclo dos ventos, das primaveras, de mim, talvez de ti meu amor, jamais o saberei,que o vulcão irrompa, finalmente].

Nkisi
Enviado por Nkisi em 24/05/2012
Código do texto: T3685601
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