O trote do amor

Amor tocando a campainha,

pressuroso abro, e ninguém;

aí percebo, é doença minha,

eu que fantasiei que ela vem...

A carência faz seu carnaval,

na real, quem samba, sou eu;

fantasia resulta como normal,

Julieta ignora que sou Romeu...

Ou se sabe, estirpes separam,

a droga das velhas convenções;

por cordas que outros ataram,

agonizam solos, dois corações...

Se eu morrer ela beberá veneno,

enquanto vivo, recusa meu sumo;

tempo é detalhe, esse é pequeno,

grande é o sentir que lha assumo...

Esperança, navalha que inda corta,

o desejo, acho, que a tem amolado;

então, quando de novo abrir a porta,

esteja, amor, por favor, d'outro lado...