Profeta
Apenas boas lembranças povoarão meus dias;
Resquícios de um passado presente e indelével.
Vidente por natureza, predirei a felicidade costumeira,
Sem alusão ao doloroso inverno.
Tenho a luz como guia e a sombra como escudeira.
Não me desterrem os vendavais constantes!
Jorrarei às noites e beberei de dia.
Estarás disposta a ouvir-me pelo instante?
Quantos lampejos de teus olhos inda verei nas planícies?
Desejo-os sempre, mais do que antes.
O suficiente.
Brindaremos ao acaso e brincaremos com os passantes,
Revelando sonhos pelas esquinas,
Trazendo à folia os errantes.
Serás fonte perene deste Amor cigano e eterno.
E eu serei teu elo.
Seremos a memória do que somos, sem mistérios.
Reinaremos em murmúrios e solfejos, em ígneo solo,
Em jusantes de deleite e alegria.
Que os céticos mirem-se em nossa lascívia
E os loucos a condenem ao sortilégio,
Pois será praga a consumir corações pétreos.
Glória aos amantes!
Cura aos imberbes!