Solstício.
Em que rocha aprisionaste teu coração?
Das pedras viemos e a elas voltaremos
No curso normal de nossa existência.
Já fomos pó, e ao pó tornaremos.
Não precisas aprisionar o ser vivente...
Morres antes mesmo de conhecer a dor
Da alma despedaçada,
Lamentando-se por não ter vivido entre os presentes.
Preferes a ausência e a abstinência?
Talvez devesses ver como choram tua falta...
Antes de buscares o claustro para tua nascente,
Jorra-a por todo o sempre!
Deixa fluir o sangue que te corre...
Não o estanques em leito inconsciente.
O vermelho é para o amantes
Como a armadilha para os inocentes.
Eles precisam ver o quanto sonhas...
Precisam ver o quanto sentes...
E eu preciso de ti nas minhas horas
Para não morrer contigo, mas por ti somente.
Preciso ser a estrada por onde corres
E ver tua silhueta no crepúsculo,
Quebrando as pedras por onde morres
E enterrando os medos que te socorrem.
Preciso ver-te à luz do dia...
Por que, então, choras?