VONTADE DÓI

Vontade é um trem sem gosto e que dói.

É meio como uma coisa sem sentido, Que perde o significado com o nascer do sol.

Ela chega a qualquer hora do dia, assim mesmo, silenciosa e saliente, se aloja insinuante e atrevida, e fica. E dói.

Vontade é não ter,

E quase chegar, e não tocar.

É saber o que esperar.

É esperar e não ter.

E não poder, e querer.

Mas é um querer tão forte que dói.

Mas o que mais dói, é não poder.

É meio como matar sede com pouca água, a garganta queimando rançosa, chora, grita, mas se cala.

Se cala, porque vontade cansa.

É um trem sem cheiro, sem forma.

Que bate a qualquer hora, e mesmo se ter porque você chora.

E chora de tristeza, de dor, da demora.

Porque vontade, vontade é um trem niilista, que vai e volta.

É um prazer obsoleto, instigante, contrário, irritante, mas necessário

por hora.

Hudson Eygo
Enviado por Hudson Eygo em 04/06/2012
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