VONTADE DÓI
Vontade é um trem sem gosto e que dói.
É meio como uma coisa sem sentido, Que perde o significado com o nascer do sol.
Ela chega a qualquer hora do dia, assim mesmo, silenciosa e saliente, se aloja insinuante e atrevida, e fica. E dói.
Vontade é não ter,
E quase chegar, e não tocar.
É saber o que esperar.
É esperar e não ter.
E não poder, e querer.
Mas é um querer tão forte que dói.
Mas o que mais dói, é não poder.
É meio como matar sede com pouca água, a garganta queimando rançosa, chora, grita, mas se cala.
Se cala, porque vontade cansa.
É um trem sem cheiro, sem forma.
Que bate a qualquer hora, e mesmo se ter porque você chora.
E chora de tristeza, de dor, da demora.
Porque vontade, vontade é um trem niilista, que vai e volta.
É um prazer obsoleto, instigante, contrário, irritante, mas necessário
por hora.