Colheita farta

A mão tecia,

habilmente, as palavras.

Surgiam versos,

figuras e algumas rimas.

Dia e noite, sempre atenta,

a Poetisa exercia o

ofício de compor.

Era como se cada dia

lhe ofertasse

um tecido novo,

imaculado, que ela

bordava fio a fio.

Da palavra seda,

uma imagem.

Do linho, talvez

uma comparação.

Construía, às vezes,

uma minúscula estrofe,

feita de sentimentos,

carregada nas tintas

da emoção sem fim.

Nela, o alicerce

eram as metáforas.

Uma argamassa ilusória

que sustentava os liames

da inspiração recém colhida.

A arquitetura do poema

ia, assim, tomando forma,

margeando a folha em branco,

frutificando em versos

de pura simetria.

Construção firme na

fragilidade do tempo,

na saudade de um amor

perdido ou no

desejo desfeito ao sabor

de um vento intenso.

Não importava o motivo

que aflorasse

um ou outro verso.

Tudo era transformado

na mão da Poetisa,

tecelã da palavra,

que no campo poético

sempre tinha a colheita farta.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 07/06/2012
Código do texto: T3711330
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