[… despede-se o dia travestido

[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]

despede-se o dia travestido em noite aurora,

retornam as quedas de água,

cascatas, chuvas,

indivisiveis os regressos, invisiveis as sementes que então germinam sossegos.

Rodopiam luzes que não amanhecem,

insistem em ser decorações num bar de terceira

onde poetas ouvem choros dormentes,

sete vezes seguidas estagnados,

antes da primeira palavra cair no papel,

desfilam solidões sem face, dor? Que sejam em dor.

Faltarão as flores que os tambores

despetalaram,

faltarão os cantos que se querem de anjos,

mesmo

sem surpresa escurece ainda mais a noite,

e nas árvores arrancadas

germinam as cores esquecidas desiluminadas.

Num bater de palmas final os pássaros calam-se,

um fio de claridade invade o céu,

imagino-o alvo, límpido como o cristal,

por enquanto,

o azul tudo invadirá quando, as luzes

no final de mim,

se apagarem. Procurarei,

sim, porque não?

Nkisi
Enviado por Nkisi em 08/06/2012
Código do texto: T3712096
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