DESALINHO

Estou tão sem forças, que nem consigo escrever.

Zero hora, e tudo o que peço é para esquecer,

Essa tristeza que esmorece meu ser.

E aquela lágrima que busco não cai.

Eu tento evocar, mas a dor é tanta, que emudece o choro opaco de lágrimas.

Então eu grito um grito afoito, puro desespero, quem sabe alguém ouve, e traz o sol para mim.

Porque é noite de fel, e o breu não passa.

Lembra-se do nosso ritual, pacto semântico, cálido e tenaz, agora fúnebre descansa, pernoita, é para nunca mais.

E canto o bolero encharcado de vinho.

Cálida, tristonha e sem vida, a noite se esvai.

É amargo o sentimento, o negror, a dor e o amor.

E mesmo com o peito cheio de medo, peso os olhos, e parco de sonhos, abraço a paz.