Sem regresso

Das lembranças que deixei ancoradas num tempo qualquer....

Esqueci.

Do som melancólico do piano tocando uma sonata, numa noite sem luar

Das orquídeas que sempre nascem em fevereiro e não voltam a florir, Mesmo que a saudade as provoque

Do barco aportando solene e em completo silêncio, n'alguma ilha distante

Do encanto das marés de março

Do coqueiral contorcendo-se na dança desenfreada dos ventos em redemoinho

Das certezas que nasciam a cada noite de lua cheia...

Esqueci.

Esqueci para fugir da tentação de voltar.

Não devemos mais regressar, amor.

Pois ainda que fiquemos invisíveis aos olhos do tempo

Hão de ficar as saudades da noite que partimos.

Dos dias que colhiamos espuma sobre as ondas.

Desfaço, como um laço, as loucas fantasias que criamos junto ao mar

Desfaço os sonhos

Ouço pela última vez o piano e suas notas acalmam meu corpo.

Mas minha alma anseia, desesperadamente

Minhas mãos cruzam e descruzam nesta espera infinda

Pelo aviso do farol que já não pisca

No céu, apagam-se algumas estrelas, deixando o infinito vazio.

Lanço um novo olhar para as orquídeas que não florescem mais

E no infinito... eu... só.

Aziul
Enviado por Aziul em 12/06/2012
Reeditado em 14/06/2012
Código do texto: T3720969
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