Máscara(s)

Trancado no quarto, novamente lágrimas e um sentimento de desagrado.

Nas cordas do violão as mesmas notas, como memórias repetidas, mastigadas e vomitadas.

Uma tentativa louca de me livrar desse sentimento.

Uma vontade insana de te esquecer.

Mas se esquecer é remoer a agonia....

A ilusão é doce companhia.

A máscara de hoje foi cuidadosamente separada, e guardada ao alcance da mão, tem sido assim nos últimos dias.

O alívio vem com a sensatez de outro cigarro.

E a solidão, sossegada, inerte, evapora.

Fecho os olhos tentando resgatar o sono que me abandonou às duas da manhã.

As notas alinhadas choram uma sincopada melodia.

E deixo voar um sorriso, ao perceber que a máscara se adapta perfeitamente ao meu rosto.

É preciso fingir.

E já não preciso mais do pão, nem da alegria.

Minha alma imaculada, cálida, celebre, gélida e rasgada procura o sobrenatural, a máscara toda irônica se ri, e me calo.

O infinito é impossível aos olhos.

Rompi comigo mesmo, rompi com as coisas de agora.

Tenho me violentado todo dia, alimentando o desagrado e a demora.

Se o imprudente não é mais o certo, me calo, e a máscara atraente me devora.

Hudson Eygo
Enviado por Hudson Eygo em 13/06/2012
Reeditado em 08/07/2012
Código do texto: T3722077