Máscara(s)
Trancado no quarto, novamente lágrimas e um sentimento de desagrado.
Nas cordas do violão as mesmas notas, como memórias repetidas, mastigadas e vomitadas.
Uma tentativa louca de me livrar desse sentimento.
Uma vontade insana de te esquecer.
Mas se esquecer é remoer a agonia....
A ilusão é doce companhia.
A máscara de hoje foi cuidadosamente separada, e guardada ao alcance da mão, tem sido assim nos últimos dias.
O alívio vem com a sensatez de outro cigarro.
E a solidão, sossegada, inerte, evapora.
Fecho os olhos tentando resgatar o sono que me abandonou às duas da manhã.
As notas alinhadas choram uma sincopada melodia.
E deixo voar um sorriso, ao perceber que a máscara se adapta perfeitamente ao meu rosto.
É preciso fingir.
E já não preciso mais do pão, nem da alegria.
Minha alma imaculada, cálida, celebre, gélida e rasgada procura o sobrenatural, a máscara toda irônica se ri, e me calo.
O infinito é impossível aos olhos.
Rompi comigo mesmo, rompi com as coisas de agora.
Tenho me violentado todo dia, alimentando o desagrado e a demora.
Se o imprudente não é mais o certo, me calo, e a máscara atraente me devora.