ALGUM MAR

algum mar que possa desaguar

na avenida sete.

você é uma onda, menina!

e passa conduzida pela curvatura

curva da cintura

que molda a mão sedenta

na veste sedosa.

algum mar de brincos prateados

(pouco import’um mar de rosas!)

que me permita nadar

e sair com alguns centavos

no bolso da calça amassada.

E comprar, todinho, cada,

de presente, pingente, pendente...

algum mar de sonhos.

de filho que faz voar num segundo

prá pular o buraco da pedra portuguesa

mal assentada,

da arquitetura, da calçada,

sentida, queda, tropeço!...

algum mar de ruas sem endereço.

um apreço qualquer

por minha mulher: o maior do mundo.

uma rima, uma primeira forma

de dizer isso que eu sinto.

Algum mar de desapego e ingenuidade,

livre de sentido e direção reta,

livre do tempo e da hora certa,

cheio de passos para o campo grande.

oceano cheio de luas refletidas,

com mil estrelas em redor...

já pressentida – dor de partida!

é onde alma cisalha...

esquina, quina de vida, ah! casa d’itália...

triste consciência:

a felicidade tem um fim: fato!

vale dos rios stiep erre quatro

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 21/06/2012
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