Desculpe meu anjo
Lembra, eu disse, tua pureza não é pura,
Porque você estava mentindo pra mim?
Que era jogo sua pose com outra figura,
E até descontava você, por isso, enfim?
Agora que rasguei a bandeira da procura,
Você entra na arena e diz que é bem assim...
Yesterday I dreamed with your happy smile,*
Hoje, já nem sei se sonho um pouco mais,
É muito ruim a sensação de barrado no baile,
Amor próprio nos manda nem querer mais;
Afinal, eu leio teu coração mesmo em Braile,
Você não soletra o meu em letras garrafais...
Foi só desabafo de um amor impotente,
Mas, gritei de forma que ecoou em Marte,
Ao filho de Vênus ofendi mui veemente,
Espero que indulgente ele não me descarte,
Afinal, chamei ao Cupido de incompetente,
E ele tinha feito muito bem a sua parte...
Desculpe meu anjo, eu peço, essa loucura,
Quem inocula amor está afeito aos loucos;
Tem horas que a própria luz parece escura,
Como se o feixe nos ofuscasse um pouco,
De onde sempre verte só amor e ternura,
Um ou dois impropérios, parecem um soco...
E você meu anjo lindo, que pede por favor,
Que não deixe que apague essa viva brasa;
Sei que é difícil começares o jogo do amor,
Com torcida jogando contra, e fora de casa,
Venha, segura, sem medo, traga luz e calor,
Te ajudo a virar o jogo, juntos a gente arrasa...
E não questiones porque faço isso contigo,
Como se ofertasse e escondesse o queijo;
pois, doeu em mim esse jogo e ainda sigo,
Porque um pouco além das vistas eu vejo,
Dissesse-me você um quinto do que digo,
E estarias coberta de carícias e de beijos...
* Ontem eu sonhei com seu sorriso feliz