Sou chantagista

Preferia partir com a ilusão que falei às paredes,

Que sequer perdi, pois não tinha chance real;

Que cruzar meu Saara morrendo de sede,

Com sensação que ocultaram sombra e rede,

E pior, uma deliciosa fonte de água mineral...

Teu poeta de estimação está em dura crise,

A ponto de buscar aquecer a pele noutro sol;

Tua sinceridade foi descuido, mero deslize,

Que eu congele fazendo louco strip tease,

Você assiste ajeitando seu lindo cachecol...

Estou fora, mas, não digo isso, que a fila anda,

Porque verdadeiro amor sei, não forma fila;

entretanto, muito envergonhado se manda,

pra ver se consegue dançar noutra ciranda,

ou, quiçá, apenas suje os pés em diversa argila...

Levo teus olhos, pois, tatuados no meu coração,

como cartas marcadas de meu poético baralho;

essa tua beleza que impõe ao belo, humilhação,

quando te vi entre pedras preciosas na exposição,

você fez ametistas parecer um monte de cascalho...

Mas, deve haver uma pedra, nem tinha percebido,

Agora, porém, sei, que há um bloqueio entre nós;

falei via satélite há uns dez metros de teu ouvido,

quando distante, internet, enfim fizer sentido,

ai eu não preciso nem quero, mais ouvir tua voz...

Eu não poderia desistir aqui mesmo sem viagem,

Cuidadoso e gentil, para não atiçar teu medo;

Poderia, sei, mas prefiro organizar a bagagem,

Sei que muitos te dirão que isso é chantagem,

é: Ou entrega seu amor ou perde seu brinquedo...