::: JARDIM SECRETO :::

Aquieta em mim a relva cinzenta

E com o lumiar de tua alma

Dê verde às herbóreas de ornato,

Dê roxo à violeta e luz ao girassol,

Dê vermelho à rosa e luar à flor-da-noite.

Vem neste jardim de versos hipocondríacos

Dar ébrio riso.

Sente em meus braços o teu corpo de veludo

E arrime teus dedos de seda em mim

Sem titubear o sonho que te move.

Pois teu sonho é a chama que consome

O fogo de minha mórbida inspiração.

Vem neste jardim de cinzentos portões

Dar ébrio brilho.

O velho banco de madeira é inquieto

A ponto de que tão inerte se refuta

Às chamas de tuas raízes com quem luta.

Já velho de tanta solidão requer

O desvelo que tua presença emana.

Vem neste jardim de bancos velhos

Dar ébrio zelo.

O céu cobre este jardim de versos,

Que pobres versos eles sempre são

Em face da poesia oculta no coração.

Mas céu azul que cobre a imensidão

É ornamento do luzir de teu olhar.

Vem neste jardim de pobres versos

Dar ébrio poema.

Agora, rogo-te com vil indolência

Que não negue este homúnculo ser,

Que chamam os homens de poesia,

Mas eu, rudimentar, chamo por alma.

Esta obra é o cálice da incoerência.

Vem neste jardim de confusões

Dar ébria certeza.

Agora, que meu jardim te abre as portas

Vem sem medo ser criança a brincar

No alpendre que cobre este lugar.

Larga tu, também, as malesas de teu jardim,

Escarra no oceano as dores que te marcaram

E vem neste jardim de perguntas

Dar ébria resposta.

Mas diante de todos os pedidos exarados

Nada quero senão andar com a tua alma,

Beber com os teus sonhos e rir.

Esquece os teus medos, minha criança,

E vem sentar-se no meu jardim secreto

Pois vim dar-te

Ébrio amor.

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Dedicado à Anna Cristina.

Ygor Pierry
Enviado por Ygor Pierry em 14/08/2012
Reeditado em 14/08/2012
Código do texto: T3830915
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