Folhas Secas

Nas lápides frias emolduradas pelo poente

Secam as folhas desgarradas de árvores distantes

Que ali fizeram morada repentina;

Chegaram com os ventos do norte

Partiram com o minuano gelado que soprava para o mar...

Sem destino conhecido se foram

Fazer morada em outros lugares,

Experimentando outros ares,

Desfazendo os pares.

A culpa é dos ventos

Que aqui e ali carregam consigo o pólen

Das paixões frenéticas quem sujam os móveis de uns,

Polinizam o jardim de outros,

Florescendo então em lugares ermos

Incomum aos dois primeiros...

E naquela lápide fria

Brota em sua fissura

Uma pequena flor

Agarrada a matéria

Buscando sua luz

Corteja com carinho

Aquele concreto vazio.