BRISA QUE PASSA

Serena, roça meu rosto e se afasta.

Acompanho seu traçado e percebo:

Leva de mansinho as folhas que caem,

Do outono que se foi e o inverno chegou,

Deixando as árvores tiritando de frio.

Num redemoinho brinca como criança,

E revolve as relvas quase suplicantes,

Por chuvas que não caem para molhar a terra,

Sabendo que as flores estão em silêncio,

Temerosas por não espalharem seus perfumes.

Observei a brisa subindo em torvelinhos,

Imperceptíveis dentro de um céu muito azul,

Mas ao tocar os pássaros em revoadas,

Notei sua angústia procurando nuvens esparsas,

Que poderiam mitigar a sede da terra ressequida.

Brisa que passa e leva também as saudades.

Ativou minha mente e recordações surgiram,

De tempos que amei no alvorecer do dia,

E na noite serena contemplava a lua,

Com a brisa trazendo o perfume das flores.

Quando a lua surgia esplendorosa iluminando o céu,

As estrelas piscavam como se quisessem brincar,

E num aconchego que tanto me cativava,

Ficava sereno num olhar contemplativo,

Enquanto a brisa suave nossos rostos tocava.

23-08-2012