Lágrimas e silêncio

Outrora o tempo fluía como

a brisa que levemente sacode

a roseira, quando a manhã

desperta, ainda sonolenta,

para um outro dia.

Havia calma em nós.

A tranquilidade do sol

quando cai, melífluo, na linha

do horizonte e ainda deixa um

rastro por sobre o mar.

Semeávamos a delicadeza do

cotidiano na arquitetura do

amor que pouco a pouco

construíamos.

Veio o tempo da colheita

e no silêncio das tardes

nossos olhares teciam o

discurso próprio dos amantes.

Dispensávamos as palavras.

Outra vez o tempo, marcando

o compasso de nossas vidas,

cúmplice de nossa história, indagava,

curioso, até quando tudo

aquilo duraria.

Não nos importávamos com as

horas, nem com o fluxo das

estações, ou a alternância entre

as noites e os dias.

O mundo, além de nós, era

tudo o que não queríamos.

Viámos, nas entrelinhas do sentimento,

os versos transformando

tudo em uma única poesia.

Certo dia veio o tempo

e nos viu afastados, separados

entre lágrimas e silêncio.

Rita Venâncio
Enviado por Rita Venâncio em 28/08/2012
Reeditado em 28/08/2012
Código do texto: T3852730
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