DA JANELA
O preto domina a cena.
E a escuridão toma conta de mim, de um jeito que não sei explicar.
Outra vez o ar pesado, o frio do sereno, a madrugada.
Tem se tornado cada vez mais comum nos últimos dias.
A agonia, os olhos mareados, e a imensidão do agora.
Um canto perdido em meio à madrugada.
A voz solitária, a expectativa do amanhã que não chega,
E que não quer chegar...
A ansiedade, um murmúrio em forma de oração, e o futuro que, breve, brevemente, retornará para meus braços.
Como fora um dia, o hoje o será.
A espera esperançosa adormece, e de tão calma se demora.
O peito corrompido pela saudade agride o silêncio,
E acelerado bate, rebate, e de ansiedade chora.
Tímida e encantadora a noite se demora, e a demora consome o eu.
Que só espera, e na espera, só sabe esperar.