Há muito tempo
Há muito tempo que eu não paro para falar daquela rua,
Onde a moça anda descalça, de vestido, seminua!
Há muito tempo que eu não ponho os pés naquela praia,
De areias limpas e finas, de águas limpas e meio amargas!
Há muito tempo que eu só falo de você,
Há muito tempo que eu decidi sempre falar!
Há muito tempo que percebi que o que importa mesmo é viver!
Andar um pouco descalço e não me esquecer de me amar!
Há muito tempo que eu esqueci o que é um dia de choro,
Se naquele sorriso leve e doce é que eu por inteiro me envolvo!
Há muito tempo eu me esqueci daquela velha estrada,
Toda esburacada e triste, cheia de poças de água dourada!
Há muito tempo eu não paro para poder me visitar,
Tirar um tempo só meu e poder me interiorizar...
Há pouco tempo eu me esqueci do que é fazer poesia,
Mas a pouco me encontrei com esta mesma alegria!
Há pouco eu me despeço, dando bom dia, boa tarde ou boa noite,
Peço que não faça desdém aos meus versos, foram feitos de baixo da chuva de açoite!
Durmo tranquilo com a água que cai no telhado,
Todo coberto, pensando naquela pessoa, sonhando em ser o seu amado!