Alelos Paralelos
Meus temores e meus deuses, todos presos em um vidrinho.
E de repente os dias são todos como as estações: primavera, verão, outono e inverno.
Começo, meio e fim.
Assim mesmo: com ponto final.
É que as coisas acabam, assim como sempre acabarão.
E fico preso à vasta imensidão do que é finito.
O efêmero.
O fim.
Simples assim...
E de repente as noites são como a lua: grande e redonda, brilhando num céu limpo, mas sem fases.
Porque nem tudo é romance.
Também não chove em todas às noites.
Às vezes só queremos sentir um pouquinho de tristeza, e talvez esteja nisso felicidade. E talvez a felicidade nem esteja.
É que a vida não tem passado disso, passos contrários e alguns ponteiros do relógio no pulso fraco.
E o frasco trinca.
Uma pequena fissura, e já o suficiente para se instaurar o caos.
Chegam às horas, instaura-se o tempo.
E tudo é tempo.
O domínio...
As horas.
Meus ganhos, e minhas percas, um frasco que trinca e tudo vasa, escorre.
As mãos ansiosas contorcem-se, trabalham e de repente: nada.
É sempre assim.
O mais completo, intenso e grandioso nada.