INCENSO DO DESEJO

Sem nossa outra metade a ponte fica sem construção

Fazemos parte da outra metade da repartida perdição

Falta-me entender que abismo negro é este que nos deixa sem chão

Uma parte de mim é deserto

Chego próximo de deus quando estás por perto

Nas horas vazias da noite

O sereno é meu porto

Minhas lágrimas salinas

Estão sem vida como o mar morto

Sinto o vento que corta a madrugada

É carícia saudosa da mulher amada

Preenchendo em lufadas a vaga

Que enxuga meu pranto como astros cintilantes

Trazendo teu rosto na palpitação espalmada

Como gema estrelada que não tenho acesso

Como um moreno seio que não mais cabem

Em minhas mãos e nos meus versos...

É uma açucena que morre na noite fria

Se desfolhando até nascer o torpe raiar do dia

Como um incenso aceso sob um céu disperso

Levando para longe ela imersa na minha poesia...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 30/10/2012
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