NATALINAS FESTAS

Eu faço poesia imberbe como o dia que pincela o vento

Amo fazer poesia é minha alma sem acento

Se precisar for levo anjos pra salvar as almas do convento

Sei que anjos estão acima de nós em seus arranjos musicais

Mais os pós estão abaixo da gravidade sucursais dos hospitais

Nada me dá mais prazer que o dedo raspando os acordes das saudades atemporais

Rebanhos tantos têm

Mais nada me sustém

Mais que o dos impostos

Tantos rostos decompostos

Minhas vidas em outras vidas

Minhas mortes tanta vezes em vidas dissolvidas

Cadê meu mundo

Sou de onde oriundo

Não quero estes disfarces

Nem outras faces risonhas

Vendendo sonhos de fronhas!

Me diz o que fiz

O que faço

Se acordo tenho que vender

Este espaço que me sobra

Esta cicatriz sem compasso

Preciso de um carrinho de supermercado

Lá quero deslizar meu embaraço

Quero que olhem com tecido de brim

No “Eu posso” contribuir

Pra mim e pra minha família

O abraço de lhes dar dignidade

Um dia na vida é muito maior

Que a minha dívida diante do que não conheço

Quero somente a dor deles pra mim mereço!

Quero o natal que eles nunca tiveram

Quero o presente que pra eles

Não pertence ao consumo

Mas da lembrança daquilo

Que eles representam pra mim

Quero o sorriso

Onde posso comprar

Embala pra presente

Desculpem-me não pelo que não pude ver

Mais por que não posso dar

Aquilo que meu amor não contem

Os ofereço o preço do meu apreço!

Os amo como sempre...

Mais Papai Noel não tem endereço!

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 25/11/2012
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