DO HOMEM DE AREIA

Eu vim de longe, vim do passado,

andei muito para voce mandar eu voltar outro dia,

não posso perder essa chance,

tem que ser agora, não vou voltar,

dói muito atravessar o tempo, as feridas sangram,

os olhos choram e a cabeça explode

em pedaços de palavras pesadas,

que perfuram o corpo como se fossem de areia.

O coração dissolve-se dentro de pensamentos confusos,

como o barulho das flores desabrochando na primavera.

A chuva passa e carrega pelo meio-fio a história

que as mãos pensavam que escreviam,

acreditavam que era por causa do amor,

mas era somente e nada mais do que obra de arte.

Vejo todos aqueles poemas passando

dentro dos barquinhos de papel, ao longo da rua,

encalhando nas esquinas.

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 29/11/2012
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