A RUA ONDE NOS VÍAMOS - PARA A AMIGA POETISA ANA STOPPA
A RUA ONDE NOS VÍAMOS....
TRANSFORMOU-SE EM TELAS DE PINTURA A ÓLEO.
VOLTOU AO PASSADO, PERDEU-NOS.
ESQUECEU-SE NÓS, PARECE NUNCA TER NOS CONHECIDO.
CONDENOU-NOS AO LIMBO E SEM AQUARELAS..
RUA DO AMOR....STREET, AVENUE, AVENIDA.
A RUA ONDE NOS VÍAMOS....
NAS TELAS NÃO SONHA MAIS OU RESPIRA...
SUAS FLORES CONTINUAM BELAS...
OH DOR! ESTÁTICAS E SEM MOVIMENTOS.
EU PERGUNTO POR TI AOS MOSAICOS.....
ELES ME DIZEM QUE TU SAISTES A MINHA PROCURA....
RUA DO AMOR, ALAMEDAS, VIELAS, BOULEVARDS....
A RUA ONDE NOS VÍAMOS.....
ESTÁ AGORA TOMADA POR UM SILENCIO MORTAL...
OS SERES QUE NELA TRANSITAM, ESTÃO COBERTO DE PÓS.
SAEM VESTIDO COM CAPUZES E ROUPAS ESCURAS...
LEVAM NAS FACES, TRILHAS ANGUSTIADAS....
PARECEM PERSONAGENS DE BOSCH...
RUA DO AMOR, BAVIERA, COLONIA, JERSUSALÉM...
A RUA ONDE NOS VÍAMOS....
ERA LINDA E COM CANTEIROS DE TULIPAS....
HAVIA UM PORTÃO QUE BRINCAVAMOS SER A PORTA DO CÉU.
SIM, HAVIA A CAIXA DE CORREIO ANTIGA, A DO PÁSSARO....
ONDE EU TE POSTAVA SEGREDOS , ALEGRIAS, DECEPÇÕES
E TAMBÉM OS ÚLTIMOS VERSOS DOS POETAS JAPONESES.
RUA DO AMOR.... VALES, PRADOS E QUINTAIS....
A RUA ONDE NOS VÍAMOS....
NA TELA ESTÁ PARA SEMPRE IMORTALIZADA....
DENTRO DE NÓS SEGUE CANSADA, RESTANDO PARA NÓS..
ESCOMBROS, SOMBRAS, INTERROGAÇÕES...
CONVERSAS SOBRE NATUREZAS MORTAS...
ESTRANHOS QUE NESTE INSTANTE ABREM A NOSSA PORTA...
SUBSTITUTOS PÁLIDOS DO AMOR.
RUA DO AMOR, ROMA, VENEZA, VERONA...
CAPADÓCIA, PORQUE ESTÁ VOLTANDO A MODA....
SÓ O QUE NÃO VOLTA É O AMOR......
A RUA ONDE NOS VÍAMOS....
ERA NOSSA, PEQUENINA, QUANDO ERA APENAS UM LIVRO.
NELE NOS ESCREVIAMOS, NELA, FAZIAMOS MIL E UM PLANOS.
SEM SABERMOS QUE ERAMOS DOIS MODELOS.
DO PINTOR DESTINO E SEUS ARREMEDOS DE CRIAÇÃO.
SEUS LABIRINTOS, PARAISOS E DECLINIOS.
RUA DO AMOR, VILAS, CONDOMINIOS FECHADOS, ILHAS...
A RUA ONDE NOS VÍAMOS....
SEGUE MAJESTOSA NA TELA VAZIA....
COM TODAS AS CORES DE UMA PRIMAVERA DE TRISTEZA...
TODOS QUE A OLHAM, NÃO SE ENCANTAM MAIS...
OS SERES VIVOS NÃO SÃO POR ELA SEDUZIDOS...
FICOU UMA PINTURA FEIA AOS MAIS TOSCOS SENTIDOS..
UMA TELA PERDIDA NA IMENSIDÃO.....
RUA DO AMOR, SENTIMENTOS E SOLIDÃO.
A RUA ONDE NOS VÍAMOS....
E-MAIL E UM VERDE FULGURANTE TOMAVA A TELA...
UMA LUMINOSIDADE QUE SÓ DEUS PODERIA PINTAR...
EMPRESTAR AOS SERES E CORAÇÕES MUTILADOS.
DEPOIS NOTICIAS, CRATERA NAQUELA RUA ANTIGA....
TU SAISTES A MINHA PROCURA...
A RUA SAIU DAS TELAS.....
RUA DO AMOR, RUA DOS OLHOS, RUA DOS CORAÇÕES...
RUA DAS CANÇÕES PERDIDAS E RUA DAS FARSAS...
RUA DAS INÚMERAS TENTATIVAS DE RESSUCITAR O AMOR.
RUAS DO ADEUS, RUAS DA DESPEDIDA...RUA DA SAUDADE...
RUA DOS MÓVEIS, RUA DAS POBRES PARTILHAS....
RUA GELADA, RUA FINAL, RUA FECHADA...
A RUA ONDE NOS VÍAMOS...
MAURICIO DE AZEVEDO
PEQUENA JANELA PARA UJA RAZÃO POÉTICA.
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DEDICO ESTA POESIA PARA A AMIGA ANA STOPPA. ANA É AUTORA DE VÁRIOS POEMAS DE AMOR QUE CONSIDERO , ENTRE VÁRIOS, OS MAIS DENSOS POEMAS DE AMOR QUE JÁ LI. ANA ESCREVE TAMBÉM DE FORMA LIRICA E MERECEM IGUALMENTE DESTAQUES OS SEUS TEXTOS INFANTIS. É UMA DAS AUTORAS QUE PRETENDO ABORDA NA MINHA SERÍE " MOVIMENTO reCANTISTA, AUTORES " . LEIAM-NA, PRESTIGIEM. EMOBRA TODA A OBRA DELA SEJA EXCELENTE, OS POEMAS A QUE ME REFIRO, ESTÃO NAS PAGINAS INICIAIS. LEIAM-NA E PRESTIGIEM-NA. ABRAÇOS. FIQUEM COM DEUS.