O velho arado

Trago minh’alma já cansada

De tantas distâncias percorridas,

De olhar o céu em busca da estrela Dalva,

E tentar encontrar o caminho a seguir.

Mais Deus querendo que meus fardos

Pesem mais a cada dia

Suplico em vão por ajuda,

Mais pareces que o faz por agrado.

E de meu arado guardado sob a velha figueira

Que tanta terra tombou,

Hoje tomba com a ferrugem que lhe corrói todas as engrenagens,

Ali estático, esquecido.

E as ânsias da agricultável terra mãe

Se esvaem com a chuva

Que carrega tudo ladeira abaixo,

Deixando os seixos a mostra...

E o peso daqueles fardos

Sufoca e esmaga a cervical

Me fazendo deitar sob a velha figueira

A descansar...

E no suor da face vejo a energia vital

Se ir, pouco a pouco

Sem me restar nada mais a fazer,

A sombra desanima o andante.

E aquele velho arado mesmo carcomido pela ação do tempo

Ainda ali a espera de novos campos a desbravar,

Resiste brava e fielmente aceitando seu jugo,

Sem questionar...