,guarda o que a minha vista já não alcança

(I)

,do deserto [… que seja do deserto]

são construídas colmeias em árvores desnudadas,

abandonadas,

enunciam-se alguns gritos solitários,

por momentos nefastos carregados de tédio,

e revivem as dunas em areais distantes,

invadidas pelo mar,

como o tafetá cobre o corpo da bailarina, o ventre.

(II)

,revivo-me a cada rota desconhecida,

construo nuvens sós, breves,

pelas clareiras do céu,

no peito murmúrios, no peito miçangas de flores

um dia colhidas, um dia arrancadas pela raiz.

,um dia ermos distantes, desabitados,

que penetram sem perdões por este mar revolto.

,e vejo aléns,

,e vejo redemoinhos estranhos,

,e vejo esconderijos descobertos.

(III)

,vejo-te?

ruirá o inverno que se aproxima

ao pavor dos ventos, ao pavor dos aluviões,

guarda-me o mel,

,guarda o que a minha vista já não alcança.

Nkisi
Enviado por Nkisi em 14/12/2012
Código do texto: T4035489
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