No silêncio afunila-se a demanda...

No silêncio afunila-se a demanda,

Fortalecem-se odores e sensações:

O desejo evidencia-se

Como um campo extenso de lavanda.

O barulho da alma se eleva em vapores,

Ora suavizado pela brisa do tempo,

Ora, dilacerado, qual cristal em mil fragmentos,

Ferindo o encantamento.

No silêncio, todas as luzes apagam-se

No interior da alma: é hora da viagem em si,

De enfrentar a cegueira da ausência.

Que nos assusta e desalinha.

A vida se resume e se expande,

Ora para nos atribuir certa finitude,

Ora para dizer que somos muito mais que isso:

Nessa vertigem, o silêncio impera.

Nele encontro a tua exata dimensão em mim:

A força de teu abraço.

A doçura misteriosa do teu beijo.