Choro Calado

Certa noite eu tive vontade de chorar.

Lágrimas silenciosas e cálidas percorreram minha face...

Naquela noite eu chorei.

Fora uma noite menos quente, de vontades nada convencionais.

Eu abri bem os olhos, enchi o peito de coragem e chorei.

Ainda não sei por que fiz isso...

Talvez tenha sido porque eu simplesmente tive vontade. É que nos damos ao vertiginoso direito de sermos nós mesmos às vezes... Outras vezes nem tanto, eu sei.

Mas isso agora não importa.

É só que... Eu chorei.

De inicio era um desejo tímido, que aos poucos tomou forma e ganhou espaço, quando dei por mim, eu chorava, chorava e chorava.

E como eram reconfortantes os soluços e os gritos.

Não me segurei.

Sem encantos, de modo grosseiro, torpe e imoral, eu chorei.

Se há alguma elegância nas lágrimas, não é a mesma que acompanha o riso.

Com vergonha e em meio à culpa, sem me perdoar, eu chorei.

Depois eu acordei, enchi o peito de um tal “orgulho”, e fique de pé.

Sinceramente, nem era meu aquele orgulho todo...

Mesmo assim eu me ergui!

Precisei de forças para o novo passo. Não foi nada fácil tentar prosseguir...

Mas, antes de tudo, eu me ergui.

Não me arrependo das lágrimas, naquele momento elas eram tão necessárias quanto rir algumas vezes durante o dia.

E foi por isso que eu chorei...

Porque a água refresca o calor da estrada... E como era nebulosa aquela manhã sem sol. Nada melhor que um banho de chuva para melhorar o dia.

E já no meio, quando as lágrimas corriam, eu nem sabia ao certo em que pensar, era tudo tão novo.

Entre passos trôpegos eu cheguei até aqui.

Não digo que eram sem propósito as lágrimas, mas é que naquele momento eu já nem sabia...

Era tão maior o significado de tudo, que chorar me alegrou o dia.