O LUGAR DE ONDE VENHO
Venho de um lugar em que os sonhos não existem
De um lugar em que a razão se desprende do ser
Venho de um lugar onde os amores são possíveis
E a finitude surpreende as auroras
Num êxtase ínfimo, na mais insigne ficção
Quando nos esquecermos que somos apenas amigos
A brisa no meio da noite encobrirá tua face linda
Assim que eu chegar...
Ah! Eu venho de um lugar onde os sonhos não existem
Qual vil aparência oculta esse lúgubre rutilar?
Pois descansam mortas nas penumbras da noite e nos seios da Terra
Nos asseios soturnos quais recumbem perdidas
(Na duração destes ritmos felinos)
Palavras doces que não vão olvidar...
Quando tudo for possível
Não precisaremos sonhar
Não te deixarei chorar
Mas farei do nosso afeto amigo
A eterna ventura do nosso viver
E dos teus sorrisos um lindo arco-íris
E das tuas lágrimas, flores na primavera
Ah! Quando teu coração se abrir!
E as rosas despirem-se do eflúvio dos teus desafetos
Quando a Terra fria calar-se em seu peito
E finalmente as flores regurgitarem as tuas lágrimas de amor
Não! Não sei se posso ficar...
Mas se ficar, ficarei ao teu lado
E serei teu amigo. E serei teu consolo
Serei como estrelas brilhando no Céu
Como pássaros cantando aos teus ouvidos
Como o resplendor de todo alecrim
Aqui? Aqui sou estrangeiro
Estranho, fugitivo, derradeiro
Talvez eu seja a mágoa que carregues na vida
Ou as cores da ilusão
Porém, tenho uma casinha na beira de um monte
E de lá eu contemplo a Lua
Lá o Amor é meu parceiro
E os Beijos são meus irmãos
Talvez, talvez eu fique e seja seu eterno amigo
Mas se voltar eu serei seu amante
O amado de um porto distante
Serei o vento batendo em teu rosto
E o brilho de teu olhar
Pois de onde venho não se pode sonhar
Talvez eu fique neste mundo maluco
E compartilhe a tristeza dos teus devaneios
Mas, se desejares, não precisaremos mais disso
Pois de onde venho não é necessário sonhar