Voragem
Menino dos olhos verdes e sorriso fácil,
Deixa o desenho da pele aparecer, mostra o princípio da quimera.
Olha distante a divisa do céu e mar,
Sente o vento - segue a rosa.
Menino d'água salgada e pele trigueira,
Desliga o mundo ruim e escuta a criança brincar.
A dor que antes desaguava os olhos, ecoa em riso.
A distância que corroía o peito desaparece em horas.
E a melancolia que azedou a boca, passa da minha pra tua;
Desaparece com o gosto da saudade, leva embora o pavor da tua ausência, e edifica redemoinhos de prazer.
Pra ruir no arrastar das horas, minguar ao raiar do dia,
E esvair-se no abrir da porta.
O baque surdo do batente clareia os olhos.
E a realidade do novo dia vem pesar o peito como não podia deixar de ser.