O amor

A vidente na sala, traduzindo o fragmento de luz.

As linhas das mãos perderam-se em círculos

Confusos como a vertigem em decomposição...

Não bebo mais unguentos, nem orvalhos.

Há um lastro de tinta apontando o teu caminho,

O caminho que sempre sonhei em seguir contigo

Está ali, em mapas cegos, marcado pelos nossos cálculos bêbados e felizes.

Um sol cego espanta as borboletas que pousam nas crinas dos cavalos.

Leio teu sexo, tateando a excitação desse contexto.

Tua língua lê o centro e a curva do meu seio.

Uso o teu nome na canção que move...

A tua cor, essa tua cor que contrasta com a minha...

Diz-me amor, diz-me que sou a melhor coisa que tu tens em tua vida.

Diz-me que será sempre assim: Eu e você apenas.

Vamos renunciar os caminhos que não sejam nossos, vamos enganá-los,

Com banquetes luxuriosos, com meu sexo em tua língua e o teu sexo em minha boca.

Opacentas são as tardes sem mim, e sem ti, as tardes em que temos que trabalhar, onde os tambores tocam imitando compassos de tempo.

Formosas são as tuas mãos em meu corpo, em minha fenda, formoso é o teu beijo molhado em qualquer parte do corpo.

Formosa é a loucura mais lúcida, aquela em que a nossa história termina sempre num final feliz!

... E não termina.

A luz que engana as linhas das mãos, e engana a vidente, é a luz dos meus olhos lendo-te, em recomeços, descomençando o fim da vida até que não possamos mais existir...

Janaina Cruz
Enviado por Janaina Cruz em 13/02/2013
Código do texto: T4138069
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