NA PORTA DE ESCAPE A SALVAÇÃO.

Por último, o fim.

Não o contrário, nunca o começo.

E no lampejo, como um clarão, lhe vem de súbito à ideia.

Uma grande ideia, diga-se de passagem, dada a ocasião.

O som agudo das palavras caindo e riscando o piso, povoam o ambiente.

As palavras que marcam o chão, ferem com peso forte.

Ainda sem planos, agarrou-se a ideia, portanto, como quem galga um socorro, na porta de escape a salvação.

Outro contrário, o sempre e algoz, retrocesso, albatroz.

E voa, voa, voa...

Como já era esperado, fora atacada pela ideia do voo fugitivo.

Para longe, lá de longe, ainda bem mais fundo, tornar-se-ia digna de sua vitória, mesmo indigna do escape.

Cântico matinal.

E transfigura-se no outro, o mesmo contrário, porém mais pesado, obscuro e impensante.

Incessante.

Agora sob um galho fresco, o regalo da tarde. Alicerça-se na dúvida, vitimada pelo acusador e imponente pela culpa, quando culpada se cala.

Agora calada, imersa na vergonha e consumida pela vontade, não lhe resta nada além da vontade.

E prefere mesmo o medo.

De pronto, seu rápido socorro.

Descansa ali, quem sabe cansa e desanda o andado, como na velha dança.

Perdida no meio, no bailar das poucas palavras, novas lágrimas e, por fim, as fagulhas na clareira, centelhas que permeiam, transmutam e figuram o ser, já desfigurado pela culpa.