FRENESI AO AMOR

Vislumbro teu olhar calado

Na contrafação da tua ausênca

Quando longe de ti, no periélio de teu encanto

Meu desmando se desfaz como um rio

Entregue ao mar

Me perco na tua ausência porque meus olhos te procuram

Como a quem procura a ausência da saudade

Todo teu corpo se despede da aurora

E teus braços se fecham envoltos no lençol do vento

Como teus olhos que se calam e se perdem no vácuo da minha existência

E não sei se realmente existiu a verdade em teus olhares

Nem se o alvorecer esconde neles

As mentiras afetas do amor em despeito

Às falácias que imperam o amor verdadeiro

E sorrindo, às vezes me diz que não se permite

Ao consciente humano ser verdadeiro sem permitir-se

Sem entregar-se ao que só a falsa ausência nos traz

E choro diante a meditação que me perturba

Por essa mulher-néctar, essa mulher-fogo

Por esse amor furacão

Meus lábios embebem-se do eflúvio e tremem,

Minha boca se enche d’água

E meus olhos orvalhados

Tentam enxergar da enseada o cimo do teu falar de seda

No alento carmesim em que a deixo

Mas não sei com que humor a encontrarei

E a encontrando

Se acaso não saltarei furioso ao chão e me agarrarei estérico ao nada

Perguntando-me se existem mentiras afetas do amor

Em despeito às falácias do amor verdadeiro

jairomellis
Enviado por jairomellis em 21/03/2007
Reeditado em 29/03/2007
Código do texto: T421256
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