FRENESI AO AMOR
Vislumbro teu olhar calado
Na contrafação da tua ausênca
Quando longe de ti, no periélio de teu encanto
Meu desmando se desfaz como um rio
Entregue ao mar
Me perco na tua ausência porque meus olhos te procuram
Como a quem procura a ausência da saudade
Todo teu corpo se despede da aurora
E teus braços se fecham envoltos no lençol do vento
Como teus olhos que se calam e se perdem no vácuo da minha existência
E não sei se realmente existiu a verdade em teus olhares
Nem se o alvorecer esconde neles
As mentiras afetas do amor em despeito
Às falácias que imperam o amor verdadeiro
E sorrindo, às vezes me diz que não se permite
Ao consciente humano ser verdadeiro sem permitir-se
Sem entregar-se ao que só a falsa ausência nos traz
E choro diante a meditação que me perturba
Por essa mulher-néctar, essa mulher-fogo
Por esse amor furacão
Meus lábios embebem-se do eflúvio e tremem,
Minha boca se enche d’água
E meus olhos orvalhados
Tentam enxergar da enseada o cimo do teu falar de seda
No alento carmesim em que a deixo
Mas não sei com que humor a encontrarei
E a encontrando
Se acaso não saltarei furioso ao chão e me agarrarei estérico ao nada
Perguntando-me se existem mentiras afetas do amor
Em despeito às falácias do amor verdadeiro