CARTA À MINHA AMADA

I

Quando te encontrar

Eu te peço, por favor

Que me explique essa estranha loucura

Que explique meu estranho amor

E esse sorriso maluco

Que me faz te perder por um instante

E não marejar os meus olhos já cansados

Pois preciso deles para poder te amar

Se talvez você notar que estou mal

Não implique, apenas me abrace

É o vazio dos momentos sem ti

Que me invade e se perde em meu ser

São os pensamentos se afogando em mim

Mas não importa! Preciso apenas te ver

Para que tudo, tudo vá embora

Como se o Sol me despertasse das trevas

Como se o luar conduzisse meus passos...

E assim pudesse observar tua face linda

E teu corpo quisesse me abraçar

Ah! Quando te encontrar

Eu te peço, por favor

Que me explique esse nosso amor

II

Às vezes quando o silêncio me procura como um soluçar na esquina da saudade

Às vezes, sem querer, quando levanto meus olhos tristes que vislumbram os teus

Às vezes, quando esta raridade já freqüente me toma os sentidos e ouço tua voz

E tuas palavras tão próximas fazem de mim tal qual um transeunte nas ruas da vida...

E a morte soergue seu grito de dor...

Às vezes, em qualquer lugar que esteja, quando uma lágrima quer descer sobre minha face e procuro me esconder

E um balbuciar intransigente revoga meu desconsolo perdido

Então percebo um sorriso em teu rosto e escolho palavras para te dizer

Palavras que surgem como lembranças numa manhã de primavera

Semelhante a flores das manhãs em que te amei

Como rosas a furtar tua beleza num momento de delírio e de amor...

III

Os dias, todos os dias combatem contigo

Eu te defendo, mas também te machuco

Magôo os teus sentimentos e procuro ser melhor

E apesar de tudo teus olhos doces me dizem “Eu te amo”

Você que me levava ao vento e dizia coisas sobre o amor

E me confessava armadilhas, e me prometia sonhos em que acreditava

E mesmo que não os cumprisse me fazia sonhar...

Eu amo, ah! como amo tua presença

Por isso te peço apenas que me explique essa estranha loucura

Que explique meu estranho amor

E não se entristeça se quando te olhar, uma lágrima percorrer minha face em desgosto

E se quando eu andar por entre as lápides da vida enxergar nelas apenas o meu rosto

É apenas um desejo inconsciente - o vento que sussurra nos meus ouvidos este anseio...

De ali junto a ti me encontrar...

jairomellis
Enviado por jairomellis em 26/03/2007
Código do texto: T426289
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