Meu jardim

Elo com o pecado
Éden que me alucina
Ilusão real que fascina
Invade e me domina

Endeusa e me ilumina
Faz-me incandescida
Deixa-me ensandecida
Atrevida e contida

Ousada e alada
Faz-me fada e feiticeira
Viajar em manhãs enluaradas
Adormecer como flor de cerejeira

Anoitecer em cada manhã
Penitenciar-me em ser orvalho da noite
Sentenciando-me á pena de mim
Penar por não tê-lo comigo

Para amenizar meu castigo
Dividir a maçã do paraíso
Ser seu divã e esperança
Ser aliança em fronhas de amor

Ser do outro a recompensa
Real que me condensa
Em gotículas de felicidade
Ser do doce a real saudade

Me faz voar como bolhas de sabão
Arder os olhos como gotas de limão
Irrigar meu jardim com fios de paixão
Cultuar amores e cultivar flores

No jardim de mim mesma
Ser serena e plena
Ser suave em cravo e canela
Ser janela e ter telhado de vidro

Ser da pureza a aura o berço
Presente e passado em vento
Pecado em perdão do tempo
Por ser mar em amar...
O Preço?