Resposta ao declinato do amor

Sem palavras

Sem Palavras Brancas, suaves mãos de irmã

Que são mais doces que as das rainhas,

Hão de pousar em tuas mãos, as minhas

Numa carícia transcendente e vã.

E a tua boca a divinal manhã

Que diz as frases com que me acarinhas,

Há de pousar nas dolorosas linhas

Da minha boca purpurina e sã.

Meus olhos hão de olhar teus olhos tristes;

Só eles te dirão que tu existes

Dentro de mim num riso d’alvorada!

E nunca se amará ninguém melhor;

Tu calando de mim o teu amor,

Sem que eu nunca do meu te diga nada!...

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas