As vísceras do Cavalo de Troia
Também me feriram
Deixando seus efeitos colaterais
Nas minhas artérias
Com seus poemas quase letais
 
O rapto de Helena
Levou-me a guerra além-mar
Onde fui atingido por setas incendiadas
Por loucas paixões
Dardos repletos de ciúmes carícias
Malicias estultícias
E traições
 
Batalhas de músculos tatuados
Por lembranças apaixonadas
Lanças que voavam como pássaros
Envenenados
Cortes profundos
Coração de olhos fechados
Exangues
Versos despedaçados por amar
Uma flecha no calcanhar
 
Na volta ainda naufraguei num mar
Revoltado irado
Os deuses também se sentiram traídos
Escapei dos cantos das sereias
De ouvidos tampados
Por mãos tremulas para não ser
Devorado
Por caninos amolados nos corais
E nas estrelas
 
O feitiço de Circe
Também me atingiu
Ruminei diante de sua beleza
Traiçoeira
Mas construí alguns versos
Que confundiram a feiticeira
E ajudei preparar o vinho
Que embriagou cegamente
O Cicloides 
 
O rapto de helena
Com seus lindos olhos maquiados
De paixão
E longas melenas de um milharal
Encantado
Colorido pelo vento
Que embala os trigais
Sorriso doce como mel
Seus seios dois cálices de vinhos
Embriagados
 
Beijos tragados de volúpias
E poesias
Suas roupas transparentes
Seus adornos suas jóias
Também me levaram para a guerra
De Troia
O amor nos leva a terra distante
A plaga longínqua
 
Um presente de grego
Também me feriu
E destruiu a cidade com sua muralha
Quase intransponível
Arqueiros vorazes
 
Oh! Troia?!
Que uma linda mulher
E um cavalo de madeira
Deixaram tudo em ruínas
Transformaram-na em lendas
Poemas mitológicos.
 
 
                   Luiz Alfredo - poeta
 
 
 
luiefmm
Enviado por luiefmm em 07/06/2013
Reeditado em 07/06/2013
Código do texto: T4329243
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